Por Rildo Silva – presidente do SINAEES – AM e membro da Comissão CIEAM – Centro da Indústria do Estado do Amazonas de ESG.

“O novo fundo de manutenção da floresta em pé representa uma resposta às ameaças ambientais e, sobretudo, uma oportunidade única de colocar a Amazônia no centro de uma nova economia verde, que possa trazer prosperidade para a região e, ao mesmo tempo, garantir o equilíbrio climático e ambiental do planeta.”

Em um contexto global de crescente preocupação com as mudanças climáticas e a degradação ambiental, o Brasil dá um passo pioneiro ao criar um fundo destinado à manutenção da floresta em pé. Essa iniciativa, que surge em meio a ameaças cada vez mais graves à integridade da Amazônia, visa garantir a proteção de um dos ecossistemas mais importantes do planeta, assegurando sua preservação para as gerações futuras. O fundo, que pretende captar recursos tanto do setor público quanto privado, nacionais e internacionais, promete fortalecer o papel do Brasil como protagonista na luta pela sustentabilidade e pela proteção da biodiversidade.

A criação desse fundo responde a uma necessidade urgente de frear o desmatamento, que continua a avançar apesar de esforços anteriores. Mais do que uma medida de preservação, trata-se de uma mudança de paradigma: ao promover a conservação da floresta em pé, o Brasil reconhece o valor econômico e ambiental dos serviços ecossistêmicos oferecidos pela Amazônia, como a regulação climática, a manutenção da biodiversidade e a proteção dos recursos hídricos.

Oportunidade e agenda ESG.

A criação do fundo também se alinha às principais agendas globais de sustentabilidade, especialmente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e à crescente demanda por práticas alinhadas aos critérios ESG (Ambiental, Social e Governança). O Polo Industrial de Manaus, ao se posicionar como um dos atores que apoiam essa iniciativa, desempenha um papel estratégico, mostrando como o setor industrial pode ser um aliado na preservação ambiental e no desenvolvimento sustentável. O polo, que historicamente tem contribuído para a geração de empregos e o crescimento econômico sustentável na Amazônia, tem reforçado sua relevância ao integrar soluções que equilibram produção industrial com a proteção da floresta. Muitas empresas da Zona Franca de Manaus repassam recursos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação para o PPBio da Suframa, Programa Prioritário de Bioeconomia, sob a coordenação do IDESAM, para empreendimentos não-predatórios em toda a Amazônia Ocidental, mais Amapá, sob a gestão da Autarquia.

O Polo Industrial de Manaus exemplifica como inovação tecnológica e sustentabilidade podem caminhar juntas. As empresas instaladas na região, com incentivo fiscal e apoio à bioeconomia, têm a oportunidade de liderar uma transformação que resguarda a floresta e promove uma economia verde. Com essa nova abordagem, o polo pode se tornar uma vitrine para outras regiões, demonstrando que é possível gerar riqueza e oportunidades mantendo a floresta em pé.

Um novo modelo de desenvolvimento.

A proposta do fundo também se alinha ao movimento global por uma economia mais verde e resiliente, que reconhece a importância dos ecossistemas florestais para a estabilidade climática e a saúde do planeta. Diversos países e organizações internacionais já manifestaram interesse em apoiar a iniciativa, que poderá atrair investimentos de empresas comprometidas com metas de sustentabilidade e de neutralização de carbono. Ao conectar a preservação ambiental com oportunidades econômicas, o Brasil também pode fortalecer sua posição no cenário internacional, principalmente nas discussões sobre o clima, como as que ocorrerão na COP 30, programada para 2025 em Belém.

No entanto, o sucesso desse fundo dependerá de uma governança eficaz, com regras claras sobre o uso dos recursos e a aplicação dos benefícios gerados. Transparência e participação social serão essenciais para garantir que os recursos captados sejam direcionados de forma justa, beneficiando as comunidades locais e assegurando que a proteção da floresta não seja apenas uma iniciativa simbólica, mas que gere resultados concretos.

Oportunidades e desafios.

Para garantir o sucesso da iniciativa, é fundamental que o fundo de manutenção da floresta em pé seja estruturado com base em uma visão integrada que considere as peculiaridades da Amazônia e suas dinâmicas sociais, econômicas e ambientais. As oportunidades oferecidas pelo fundo são imensas: o desenvolvimento da bioeconomia, a geração de empregos verdes e a inovação tecnológica sustentável são apenas alguns dos benefícios possíveis.

Contudo, há desafios importantes a serem enfrentados, especialmente no que diz respeito à resistência de setores econômicos que tradicionalmente exploram a Amazônia de forma predatória. O fundo precisará ser fortalecido por uma articulação política robusta e um engajamento contínuo da sociedade civil, garantindo que as pressões de curto prazo não sobreponham os benefícios de longo prazo oferecidos pela floresta em pé.

Liderança e governança ambiental.

A criação deste fundo é um sinal claro de que o Brasil está disposto a liderar pelo exemplo, promovendo um modelo de desenvolvimento que respeita a natureza e valoriza a preservação dos ecossistemas. Agora, mais do que nunca, é o momento de disseminar essa ideia e garantir sua adesão em larga escala, mobilizando todos os setores da sociedade em prol de uma Amazônia viva, próspera e sustentável.

Informações adicionais.

Por parte do governo brasileiro, Marina Silva e Fernando Haddad, mais o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, criaram o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). A iniciativa busca financiar a conservação de florestas tropicais, destinando o capital investido a ativos verdes e aplicando o retorno para manter as florestas em pé. O objetivo é que seja pago um valor fixo anual para cada hectare de floresta preservada e que haja desconto no valor a receber para cada hectare desmatado ou degradado. A proposta foi apresentada pelo Brasil na COP28, em Dubai, no final de 2023, e a expectativa é que o fundo entre em funcionamento para a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025.

 

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